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Holanda – Fim dos Carros de Combate

Nelson Düring
Editor-Chefe DefesaNet


Durante a Guerra Fria, em especial nos anos 60 a 70, o exército Holandês e incluindo também o da Bélgica eram considerados pontos fracos da OTAN. Motivos eram a indisciplina, tentativa de criar sindicatos de militares e a falta de motivação.

Com este background em perspectiva o primeiro contato com soldados holandeses em 1987 não ajudou, cabeludos e muitos usando brincos. A visão era realmente nova para quem estava acostumado à rígida disciplina imposta aplicada no Brasil.

O convívio com os holandeses nos Canadian Army Trophy de 1987 e 89, a famosa CAT, competição de precisão de tiro entre as Forças Blindadas presentes com carros de combate (Main Battle Tank), na Alemanha. A competição criada nos anos 60, para aferir a capacidade das unidades blindadas da OTAN, tinha a realização bianual.

Encerrou em 1991 quando muitas unidades foram retiradas da Alemanha, e, especial inglesas e americanas. E em paralelo a dissolução da União Soviética o ritmo de desmobilização de unidades blindadas acelerou.     
 

Os Holandeses no CAT
 

As tropas holandesas mostravam uma capacidade excepcional. Divididos em dois grupos: North and Central Army Group (NORTHAG e CENTAG). Competindo pelo NORTHAG os holandeses sempre eram superiores aos rígidos Panzer Battalion. Em 1987 os holandeses foram amplamente superiores aos alemães, ambos com Leopard 2. Só foram superados na contagem geral por uma excepcional participação americana com o novo, no TO Europeu, do MBT Abrams M1 (canhão M68, de 105mm).

O tempo de resposta dos holandeses e precisão de tiro era amplamente superior às unidades alemãs. Para impedir uma derrota mais ampla os alemães não forneceram a munição de treinamento com maior velocidade.   

Realmente os guris holandeses, cabeludos e de brincos, marcaram época. Liderados pelo célebre Cel Brackel os guris faziam história. Toda a máquina industrial alemã e a honra nacional empacada por estes irreverentes moleques.

Um novo conceito de disciplina e motivação era apresentado. A grande decepção dos garotos expressa por vários deles ao autor: “Não temos o reconhecimento de nosso País. Nada do que fazemos é noticiado na Holanda”.

Palavras que vêm agora em lembrança quando por um ato sumário do Governo e Parlamento os dois últimos Batalhões de Carros de Combate foram dissolvidos e a Arma Blindada praticamente extinta do real Exército Holandês.    

A Redução
 

A Alemanha reduziu de 1800 Leopard 2 (algumas fontes citam 2350), e uma grupo de Leopard1A5 mantidos em reserva para 400 em 2012.

A Holanda também reduziu e encerrou várias unidades.No campo de treinamento de Bergen-Hohne, foram realizados os  "last schot", das unidades:
 

43 tank battalion – 12 Fev 1992;
59 tank battalion – 16 Nov 1993;
41 tank battalion – 17 Fev 1994,e,
101 tank battalion – 5 Nov 2005.


Isto levou gradualmente os 445 Leopard 2A4, incluindo veículos de apoio, operados pelo Real Exército da Holanda para os finais 80 carros, mais 24 em reserva.

Os países que compraram os excedentes foram especialmente membros da OTAN. A maioria na versão do exército holandês o Leopard 2A4, canhão 120mm, 44 calibres. O Leopard 2 A6 tem maior blindagem e o novo canhão de 120mm com 55 calibre. Permite maior velocidade inicial da munição APFDS (Flecha).

Países que adquiriam os Leopard 2 versões A4 e A6.

Áustria  114 Leopard 2A4;
Canada 100 Leopard 2A4;
Noruega  52 Leopard 2A4, e,
Portugal 37 Leopard 2A6.

O Fim
 

Na presença de membros das unidades, ex-comandantes e veteranos uma significativa cerimônia ocorreu. No dia 18 de Maio em Bergen-Hohne, Campo de Treinamento, na Alemanha, foram feitos os últimos quatro disparos com o Leopard 2A6 no Real Exército Holandês.

São 350 ou mais militares que estão a procura de um novo emprego. O fim de uma tradição de 400 anos no Exército. E como bem ressaltou o próprio autor do último disparo, Gen De Jonge : “É o fim da mentalidade de Cavalaria, da Especialização, do Choque, que os Blindados propiciavam”.

O apoio à infantaria será proporcionado pelo blindado CV9035(canhão 35mm) e o helicóptero AH-64 Apache. Uma decisão questionável sob vários aspectos. A tentativa de usar o AH-64 Apache como apoio de fogo aproximado, pelos americanos no Iraque, levou à perda de vários helicópteros, na invasão em 2003.

Por outro lado as ações dos Leopard 2A5DK, operados pelas Forças da Dinamarca, no Afeganistão têm sido de extrema utilidade. Na região onde há carros de combate as ações dos Talibans são quase inexistentes. Uma das vantagens táticas é o pronto emprego, quando necessário, sem depender do apoio aéreo.

DNTV Defesanet

Os Quatro últimos Tiros do Leopard 2A6 no Exército Holandês – Fim de uma tradição de 400 Anos – bergen-Hohne 18 Maio 2011 Link

Defesanet

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